Tudo isto porque o filme da semana foi
Brazil, dirigido pelo senhor anteriormente mencionado…
O filme segue a vida de
Sam Lowry, um homem que leva uma vida aborrecida num mundo futurista distópico repleto de maquinaria. Sam escapa constantemente para um sonho em que é um cavaleiro, num mundo de fantasia, que tenta salvar uma mulher misteriosa. A sua vida altera-se completamente quando um erro de computação troca a identidade de um suposto ‘terrorista’,
Harry Tuttle (Robert De Niro), por um tal de
Harry Buttle. Este evento despoleta então, uma série de acontecimentos na vida de Sam, incluindo a aparição real da mulher mistério dos seus sonhos.
No final do filme, uma das questões que mais me ficou na cabeça foi esta: Porque se chama o filme Brazil?
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Sendo que a única relação aparente do filme com o seu título é a constante sonoridade da canção “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso, esta é de facto uma questão, para mim, relevante que, após alguma reflexão e pesquisa, posso responder. Seguindo o conceito de
leitmotif, esta canção aparece ligada às aventuras e desventuras de Sam Lowry em oposição à sua vida enfadada e ao mundo em que vive. É por isto que para mim, o belo efeito sonoro constante da música acompanha sempre o motivo do filme e daí o nome Brazil.
Um dos aspectos fulcrais do filme é o facto de se tratar de uma
sátira que representa um mundo que vive em
distopia e é repleto de burocracia,
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máquinas e condutas que ninguém entende mas que são essenciais ao funcionamento normal da sociedade. Além de fornecer todo o ambiente (com excepção dos sonhos de Sam), este aspecto contribui também, fortemente, para o humor do filme, satírico e negro na maioria das vezes.
Pessoalmente, acho que o filme brilha principalmente pelos seus aspectos não técnicos. Ainda assim, achei que a fotografia e os cenários estavam sublimes, especialmente pela inclusão constante das condutas pela cidade, pelas casas e principalmente no restaurante chique que reforçava a ideia de apatia das pessoas em relação à sociedade.
É de aludir ainda, que o Senhor Terry Gilliam refere este filme como sendo o 2º de uma trilogia que começa por
Time Bandits(1981) e acaba com
The Adventures of Baron Munchausen(1989). Esta ideia não se deve a um normal encadeamento lógico, mas sim ao facto de cada um dos filmes tratar da "loucura da nossa estranhamente organizada sociedade e do desejo de escapá-la por quaisquer meios possíveis". Os 3 filmes dão foco a essas lutas e à tentativa de escapá-las através da imaginação: o 1º através dos olhos de uma criança, o 2º, de um homem de meia-idade e o 3º, de um idoso. Por isso deixo já aberta a sugestão de verem os outros dois... (
i know i will :D)
Por fim, dizer (adoro esta forma de expressão) que por tudo isto, foi um filme que gostei bastante e não é por nada que é considerado um
filme de culto e
um dos mais criativos, influentes e importantes dos anos 80.
"Don't fight it son. Confess quickly! If you hold out too long you could jeopardize your credit rating."
FIGHT THE POWER!