Mais uma 5ª feira, mais uma grande sessão de cinema. É assim, o dia de estreias nas salas de cinema tem sido o dia predilecto para as nossas viagens aos primórdios do cinema.
O filme que nos calhou na rifa desta vez foi um 'monstro' da história, considerado por muitos o melhor filme de todos os tempos ou, como já ouvi dizer, a Mona Lisa das salas de cinema: Citizen Kane, de Orson Welles que o produziu, realizou e protagonizou.
Esta é a história de uma das pessoas mais ricas e poderosas do mundo. Uma pessoa controversa, amada e admirada por muitos e odiada por tantos outros. Tudo começa em Xanadu, um castelo demasiado grande para poder ser findado e onde tudo parece já abandonado, onde assistimos à última palavra de um homem enquanto este pega numa bola de vidro com uma casa na neve no seu interior. E é essa palavra sem significado aparente, "Rosebud", que leva um jornal a investigar a vida desse homem, Charles Foster Kane, da sua ascensão à sua queda.
Este era à partida um filme do qual esperava muito e dos que mais ansiava ver. Pois bem, infelizmente, não foi bem o que esperava. Começou muito bem e emotivo mas conforme o filme foi entrando na fase mais decadente da vida do protagonista foram-se esgotando os acontecimentos o que parecia levar a um prolongar das cenas além do necessário. Depois na parte final pareceu voltar o prazer inicial com o fechar da história conforme se chegava mais próximo de uma resposta à pergunta "O que queria dizer Rosebud?".
Agora falemos dos aspectos mais técnicos. Tenho que dizer que adorei ver aquelas montagens algo rudimentares para darem profundidade às cenas. Outro aspecto que gostei particularmente foi a caracterização das personagens e, principalmente, o envelhecimento de Charles Kane, que achei muito bom. Por outro lado, a atmosfera Noir, adequa-se na minha opinião muito bem ao filme pois dá-lhe um ambiente mais tenso e conturbado à semelhança da evolução da vida do protagonista. Por fim, contrastando com algumas menos boas actuações do que se sabe no final do filme serem estreantes, está o grandioso papel de Orson Welles.
Para concluir a minha crítica, tenho que aconselhar todos a verem este filme. É, sem dúvida, um filme que tenciono adicionar à minha colecção assim que surgir a oportunidade certa. Espero sinceramente não vos ter retirado a vontade de o ver pois vale a pena. Para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ver o filme nem o conseguem arranjar facilmente fica aqui um link para o filme no youtube:
Bons filmes!
31 outubro, 2008
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5 comentários:
Olá pessoal!
Bom, não digo que seja o meu filme favorito ou que esteja nessa mui conceituada lista, mas se ouvir dizer que é o melhor filme de sempre não posso discordar. Pela grandiosidade do argumento, pela forma como foi filmado e sobretudo pela inovação e importância que teve na história do cinema (tendo em conta que é necessário contextualizar antes de qualificar, dada a altura e os meios disponíveis, está realmente brilhante)
Em termos de dinâmica pode não ser o mais fantástico dos filmes, mas em termos de fluidez tem pormenores geniais, como os cortes serem em split edit (a mudança de cena ocorre primeiro a nível sonoro e só depois visual, para dar mais continuidade) e os ângulos de câmara inovadores, sempre bastante baixos para forçar a ideia de grandiosidade do Charles Kane. Outro dos pormenores muito bons é a forma como a câmara de Orson Welles entra nalgumas cenas, como por exemplo a cena daquela espécie de bordel, em que o plano começa na porta de entrada e dá a volta por cima da casa e entra por uma clarabóia do telhado; ou na cena onde Charles é criança e está a brincar na neve, e a câmara recua até ao interior da casa (pela janela) e passa a filmar uma cena interior. Os estranhos ângulos escolhidos também se notam em cenas em que ele faz close ups mas onde existe acção no fundo da cena (suponho que seja isso que estavas a falar quando falas-te nas montagens para dar profundidade). Já não sei onde li mas acho que ele fez isto filmando duas vezes a mesma cena, uma para os objectos perto (e com o fundo escuro) e outra com o fundo iluminado e os objectos perto escurecidos, e depois sobrepôs na mesma fita (ainda não havia computadores na altura, era tudo com rebobinações de fita e voltar a filmar!) Como disseste, a maquilhagem também está muito boa, pensar que acompanhão toda a vida de um homem apenas com camadas de base e afins...
Outra coisa: boa escolha de filmes até agora!! Qual é o próximo?
Abraço,
miguel
Antes de mais gostei muito da crítica do Miguel. Gostei tanto que fui ler mais coisas sobre a real importância das técnicas introduzidas para o cinema. Agora gostava era de ver como eram os filmes antes de algumas dessas técnicas serem introduzidas. Será que pareciam amadores?
Convido-vos agora a ler o que estive a ler. É muito giro:
http://en.wikipedia.org/wiki/Citizen_Kane#Filmmaking_innovations
Acabei agora mesmo de ver o filme e tenho a dizer que este faz juz ao seu nome. Citizen Kane apresenta uma história intemporal e uma realização brilhante. Embora hoje em dia não se possa dizer que o argumento "transpire" originalidade, acredito que em 1941 tenha tido um gigantesco impacto na sociedade e maior ainda na história do cinema.
Um dos aspectos que mais me impressionou na "pelicula" foi os já mencionados pelo jerónimo ângulos de câmara inovadores. A cena em que deu melhor para reparar foi durante o discurso de campanha de Kane, quando a câmara focava o mesmo de uma posição mais baixa enquanto este discursava com a sua imagem no fundo da cena, transmitindo uma imagem carismática e confiante da personagem. Este tipo de truques de câmara são ainda hoje em dia muito utilizado embora mais em comíssios políticos do que em cinema lol.
Orson Welles esteve espectacular neste filme não só como realizador (já referido) mas também como actor. Na minha opinião Welles esteve à altura da personagem por si criada, fazendo um papelão brutal.
O resto é conversa, embora a moral "dinheiro não traz felicidade" já esteja um pouco batida, pelo menos esta história do "tio patinhas" envolve escândalos sexuais o que vem mesmo a calhar para ver na altura das eleições norte-americanas lolol.
Cajada.
Farfalho!
Ora dito isto, há apenas mais uma palavra que posso dizer acerca deste filme:
Espectacular!
E expresso agora o porquê.
Embora o filme possa ser assim um pouco parado e, portanto, não se tratar da melhor escolha para quando se está pedrado de sono (como foi o meu caso), é, na realidade, um filme genial e que nos exige a melhor atenção do mundo, a atenção que um grande filme realmente merece!
Isto porque além de ter sido altamente inovador a vários níveis (principalmente na cinematografia), estas inovações ainda resultam lindamente nos tempos modernos.
Os já falados planos de câmara estão simplesmente fantásticos, a fluidez da passagem entre cenas, a iluminação e a caracterização das personagens idem, e, claro, a interpretação de Orson Welles como Charles Kane é bestialmente suprema.
Eu já vi uns tantos filmes dos mesmos anos e até de décadas seguintes e posso dizer que tudo o que referi ou não referi anteriormente faz com que Citizen Kane seja tão ou até muito mais sofisticado e inteligente que os demais…
Em conclusão, por tudo isto, acho que é, fundamentalmente, um filme para não se ver só uma vez… Isto e também… BRUTAL!
Stif
intiresno muito, obrigado
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