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13 dezembro, 2008

#8 Brazil

Terry Gilliam! Para quem não sabe é o membro dos Monty Python que faz aqueles bonequinhos e, quanto a mim, também um brilhante realizador!

Tudo isto porque o filme da semana foi Brazil, dirigido pelo senhor anteriormente mencionado…

O filme segue a vida de Sam Lowry, um homem que leva uma vida aborrecida num mundo futurista distópico repleto de maquinaria. Sam escapa constantemente para um sonho em que é um cavaleiro, num mundo de fantasia, que tenta salvar uma mulher misteriosa. A sua vida altera-se completamente quando um erro de computação troca a identidade de um suposto ‘terrorista’, Harry Tuttle (Robert De Niro), por um tal de Harry Buttle. Este evento despoleta então, uma série de acontecimentos na vida de Sam, incluindo a aparição real da mulher mistério dos seus sonhos.

No final do filme, uma das questões que mais me ficou na cabeça foi esta: Porque se chama o filme Brazil? Sendo que a única relação aparente do filme com o seu título é a constante sonoridade da canção “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso, esta é de facto uma questão, para mim, relevante que, após alguma reflexão e pesquisa, posso responder. Seguindo o conceito de leitmotif, esta canção aparece ligada às aventuras e desventuras de Sam Lowry em oposição à sua vida enfadada e ao mundo em que vive. É por isto que para mim, o belo efeito sonoro constante da música acompanha sempre o motivo do filme e daí o nome Brazil.

Um dos aspectos fulcrais do filme é o facto de se tratar de uma sátira que representa um mundo que vive em distopia e é repleto de burocracia, máquinas e condutas que ninguém entende mas que são essenciais ao funcionamento normal da sociedade. Além de fornecer todo o ambiente (com excepção dos sonhos de Sam), este aspecto contribui também, fortemente, para o humor do filme, satírico e negro na maioria das vezes.

Pessoalmente, acho que o filme brilha principalmente pelos seus aspectos não técnicos. Ainda assim, achei que a fotografia e os cenários estavam sublimes, especialmente pela inclusão constante das condutas pela cidade, pelas casas e principalmente no restaurante chique que reforçava a ideia de apatia das pessoas em relação à sociedade.

É de aludir ainda, que o Senhor Terry Gilliam refere este filme como sendo o 2º de uma trilogia que começa por Time Bandits(1981) e acaba com The Adventures of Baron Munchausen(1989). Esta ideia não se deve a um normal encadeamento lógico, mas sim ao facto de cada um dos filmes tratar da "loucura da nossa estranhamente organizada sociedade e do desejo de escapá-la por quaisquer meios possíveis". Os 3 filmes dão foco a essas lutas e à tentativa de escapá-las através da imaginação: o 1º através dos olhos de uma criança, o 2º, de um homem de meia-idade e o 3º, de um idoso. Por isso deixo já aberta a sugestão de verem os outros dois... (i know i will :D)

Por fim, dizer (adoro esta forma de expressão) que por tudo isto, foi um filme que gostei bastante e não é por nada que é considerado um filme de culto e um dos mais criativos, influentes e importantes dos anos 80.

"Don't fight it son. Confess quickly! If you hold out too long you could jeopardize your credit rating."

FIGHT THE POWER!

2 comentários:

Sta disse...

Hey gente do cinema! Como vai isso?

Não conhecia esse conceito de distopia. É claro que estou "farto" de ver filmes ou ler livros com ele mas não sabia que existia essa definição. E porque é que isso é interessante? Porque quem, como eu, gostar de filmes com esse conceito tem aqui uma grande proposta.

A história é muito boa mesmo. Tudo parte de um simples erro tipográfico criado porque o empregado estava a matar um insecto. Depois as consequências que advêm de um simples erro numa única letra de um única folha de papel são uma sátira muito perspicaz ao problema da burocracia em excesso. Felizmente o Eng. José Sócrates criou o programa Simplex pelo que já não nos temos que preocupar com um futuro semelhante!

Depois a história é complementada por toda uma panóplia de cenários, veículos e cenas do quotidiano que ajudam a caracterizar este mundo tão diferente em que os bitoques são servidos sobre a forma de uma papa nojenta. Mas esperem lá.. isso já temos hoje em dia na cantina do IST!

Por fim, e ao contrário do que ouvi dizer por esse mundo fora, acho que a fluidez do filme é muito boa e não nos deixa nem por momentos abstrair daquela estranha realidade.

Mais uma vez, como já é hábito nos filmes da nossa selecção, um grande filme que aconselho a todos!

E é isto. Como diria o nosso velho conhecido Palhaço Batatinha: Beijos, abraços e muitos palhaços.

Cinema ParaIST disse...

É o único filme que tem uma cadeira numa escola de cinema conceituada, da qual não me lembro do nome.
Tal como há "História do Cinema" ou "Fotografia" ou "Escrita Criativa para Argumentos"... há também a cadeira "Brazil" em que só se fala e se estuda este filme.

É a obra prima de Gilliam, sem dúvida. E para quem desconhece o termo distopia, aconselho a leitura do 1984 de George Orwell, Brave New World de Aldous Huxley e Fahrenheit 451 de Ray Bradbury. E depois, claro, ver também os filmes que foram adaptados destes livros.
O Brave New World também tem um ligeiro teor cómico, mas nada que ande perto do Brazil...

E agora, sempre que vejo o Jonathan Pryce a fazer aquele papelito da treta nos Piratas das Caraibas, só cantarolo a Aquarela e esqueço o resto...