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25 outubro, 2008

#1 The General

Pois é, e 5ªfeira foi a primeira sessão do nosso ciclo de filmes que marcaram uma época/era do cinema (CFQMUEEDC, para abreviar). E que melhor maneira de começar que com os primórdios do cinema.

O filme foi o The General de Buster Keaton, e tenho a dizer que me marcou bastante pela positiva.


A historia gira em torno de um maquinista do sul de nome Johnny Gray (Buster Keaton), que durante a guerra civil americana vê a sua locomotiva (The General) ser roubada juntamente com a sua amada, que se encontrava a bordo, por espiões do exército do norte. Johnny parte, a solo, em perseguição dos raptores, acabando por desempenhar um papel decisivo na guerra.

Devo desde já admitir que à parte de umas poucas passagens de filmes de Charles Chaplin, o meu portfólio de filmes mudos era nenhum. E embora esta possa ser uma verdade pouco dignificante para alguém que acabou de criar um blog sobre a 7ª arte, esta pequena falha acabou por ter as suas vantagens, permitindo que estivesse mais perceptivo a pormenores e 'truques' usados neste género de filmes (que para alguém mais experiente poderiam ter sido considerados banalidades).

Em primeiro lugar, é de notar a importância da expressividade corporal e facial tão características dos filmes mudos, aspecto onde Keaton se destaca tanto com os seus olhares perplexos e uma cara sempre séria, como com as diversas manobras acrobáticas que realiza durante o filme. Uma das técnicas usadas para realçar este tipo de expressividade é a uma maquilhagem facial exagerada, ou seja, a aplicação de uma base branca. Factor que à partida parece dar às personagens um ar um tanto quanto fantasmagórico, mas que acaba por se provar extremamente eficaz no aumento da definição de contrastes (problema sempre presente nos filmes a "preto-e-branco"). Ainda com objectivos semelhantes, em algumas partes do filme a água foi substituída por um tipo de tinta branca, tornando-a mais visível ao espectador.

Um outro factor crucial é a existência de uma banda sonora emotiva e sempre presente, que embora possa parecer um pouco repetitiva, auxilia na passagem de uma mensagem ou sentimento. Marcando diferenças entre um ambiente tranquilo ou de grande tensão, e mesmo diferentes fases do dia.

Por último, e para despertar um pouco a curiosidade daqueles que possam ainda não ter visto o filme. "The General" é considerado um dos filmes mudos mais caros de sempre. Algo relacionado com comboios, pontes e gravidade.

5 comentários:

Sta disse...

De facto o The General foi uma agradável surpresa. Não sabia bem o que ia ver e gostei mesmo muito do filme.

Falaste de um pormenor que na altura nem reparei e que achei muito curioso. Foi ele a substituição da água por um líquido branco. Muito giro de facto!

Quanto à banda sonora tenho que dizer que a certa altura a achei repetitiva... mas nada de mais, depois nem pensei mais nisso.

Agora um facto que não estava à espera. Poucos foram os ecrãs com texto que apareceram ao longo do filme. Sempre pensei que fossem aparecer muitos mais...

Por fim, tenho que dizer que fiquei com a "pulga atrás da orelha" para ver mais filmes mudos. Mas continuemos com o nosso calendário para já!

Cajada disse...

Nunca antes tinha assistido a um filme onde esperando tão pouco este se revelasse tão bom. Para mim cinema mudo trazia sempre aquela imagem de personagens a fazer malabarismos e legendas que passavam depois dos actores fazerem os gestos com a boca, um pouco ao estilo das dobragens das novelas venezuelanas, rematando com uma banda sonora que era nada mais nada menos que um gajo a tocar piano durante toda a duração do filme.

Bem, não é que este filme não tivesse todos estes ingredientes, mas achei genial a cara sempre séria do actor/realizador Buster Keaton enquanto se deparava com as mais diversas situações.

A comédia física, ao bom estilo do cinema mudo, está muito bem conseguida neste filme, sendo que Buster Keaton, Charlie Chaplin entre outros foram os pioneiros neste estilo humoristico.

Hoje em dia este tipo de comédia ainda é usado em muitos filmes o que revela o contributo do cinema mudo para a história do cinema.

De facto, o aspecto mais delicioso com que me deparei ao ver o filme foi como, com os recursos disponiveis naquela época, Buster Keaton fez um filme tão bom que ainda hoje é aclamado e divertido de ver.

mljeronimo disse...

Olá!

Só queria dizer que para mim, este filme acaba com qualquer dúvida em relação à disputa saudável entre Buster Keaton e Chaplin. A cara séria e a seriedade de argumento e realização, em conjução com a excelência da comédia slapstick do filme, batem aos pontos qualquer filme do seu eterno rival (apesar do modern times e do great ditactor serem também muito bons). A questão aqui é que, ao contrário das típicas comédias actuais, este filme tem realmente conteúdo: faz uma sátira mordaz à guerra civil americana. Em termos de contextualização, acho que não poderia estar melhor... as carruagens da época, uma ponte construída de propósito, os cenários de guerra, etc. Este último ponto também é importante, na altura claramente que não era normal um filme cómico retratar um tipo de assuntos como a morte de pessoas. Em termos de realização está também bastante credível com pormenores deliciosos de planos nas sequências de comboios. Resumindo: imperdível!

Desculpem lá a resposta tardia, e desculpem lá não fazer uma crítica melhorzinha mas é que há já algum tempo que não vejo o filme e já não me lembro de muitas coisas..

Abraço,
miguel

Stif disse...

Quentes e… Boas!

Ora, queria começar por dizer que, como muita gente que nunca tinha tido prazer de ver um bom filme mudo dos primórdios do cinema e viu um pela 1ª vez, fiquei naturalmente surpreendido pela positiva com este filme!

A ideia que eu tinha de um filme mudo era um pouco, na verdade, semelhante à que o cajada também tinha, mas, pondo em palavras mais minhas, tinha na ideia que os filmes cómicos de cinema mudo eram compostos basicamente por piadas óbvias, figuras parvas e uma pilha de texto a aparecer…

O que de facto sucedeu foi o de um filme com um humor que jamais me havia deparado e que me pôs deveras bem disposto e a dar uma gargalhada ocasional. Isto devido à hilariante expressão de seriedade constante do Buster Keaton ao longo do filme, às suas maravilhosas ‘stunts’ (que vim a saber que foi o próprio que efectuou na integra), à brilhante sátira representada no filme acerca da guerra civil americana, entre outros diversos aspectos.

Em questões mais técnicas, e sabendo que há sempre que fazer uma pesquisa para nos situarmos na época, o que mais me saltou aos sentidos foram as fantásticas cenas da perseguição do comboio que penso que tinham um dinamismo brutal (uma pérola exemplificativa disto foi o facto do ruir da ponte com o comboio ter sido real), o facto de se entender e se entrar no ritmo do filme tão bem com tão poucos ecrãs de texto que iam surgindo (o que para mim foi fruto de um magnífico trabalho de expressão física, especialmente do Buster Keaton, e um bom encadeamento da história) e a banda sonora que, embora um pouco irritantemente repetitiva, até se encaixou bem no desenrolar da acção como disse também o matws…

Só para terminar queria revelar aqui um pormenor bastante engraçado que é o de que os exércitos de ambos os lados da guerra são representados pelas mesmas pessoas, o que se trata, de facto, de um pormenor engraçado…

Resumindo: Surpresa e Satisfação! (Um exemplo de que SS não representa só coisas más… lol)

Anónimo disse...

Eu sou novo por estas bandas (dei o meu nome na mailing list quando o CinemaparaIST teve no pav. central) e espero que os filmes propostos continuem-me a supreender como este.
O filme impressionou-me , pela positiva, porque nunca tinha visto um filme mudo e estava à espera que fosse, no minimo, secante. Muito pelo contrário, em algumas partes até ri (não aquela gargalhada de se ouvir na casa toda, mas mesmo assim não deixou de ser riso) e uma história bem construida, simples original e, particularmente na fuga de comboio, divertida.
Ao contrário de uma critica aqui feita, não tomei muito em conta o contexto histórico para a avaliação desta peça. Acho que a história, só por si, vale a visualização, independentemente do background Histórico que temos.

Só peço uma coisa: continuem a sugerir filmes desse gabarito, porque estão de parabens. Acabaram de ganhar um adepto.